SOMBRA LUZ

grand'homem d'alma pequenina
tu és por fora o que por dentro falta-te
de tua boca sais o que do peito escondes
o que não te sobra é honra
porque o que sentes é somente a inveja
das grand'almas de pequenos homens

oh!
pequen'anjo d'alma cristalina
tua boca é limpa
porque de tuas palavras
inda que sujas
gotejam verdadeiras
videiras
magistrais

tua sombra é luz

e por tuas mãos os céus entoam vozes
de euforia
lamento
sofrimento
alegria
e cor

de tuas mãos saltam desatentos cantos
de beleza
e maestria
ou dor
em realejos nós

contam os deuses tua longa travessia
pela maresia
com teus calejados pés
nos infinitos cais

e aquele grand'homem d'alma pequenina
inda fita tua linha
com olhar aguado
dum pobre cobrador
inútil e raso... pobr'homem!

ah!
meu anjo...
príncipe das marés
tu és...
perdoa os tolos
orgulha-te desse sopro sagrado
que trazes sob tuas palmas
de cores misturadas
de raízes verdejantes

- assim -

como orgulho-me do sono
acordado
que guardo
calado
para ti
num tempo distante
de talvez
em tal vezes
formarmos
amantes orneados
e felizes mareantes
COPYRIGHT texto Renata Gabriel
COPYRIGHT foto Rodrigo Jardim (direitos reservados)

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