(10 mil e 83 dias)
Eu sou um barco à deriva que já não procura, na espera de ser encontrado. Vivo do tempo ermo num anseio suspenso e eterno. Lamento de vez um tanto pra noutro resignar. Sorrio pra um acalanto de um barco perdido, sem dono nem mar. E me despeço sem rodeios daquele encontro mais sórdido que o anterior e mais sólido que o próximo. Numa ordem decrescente de importância. É nesse infinito que flutuo. Mas não sou só. Aquele borbulhar intermitente das ondas é minha companhia. Carrego um tesouro tão grande que, às vezes, duvido que o carrego em mim. E, enquanto carrego, construo um trajeto inédito num mapa ancestral. Em segredo confesso que uso as estrelas para me guiar, pela falsa certeza de que é este o motivo porque estão lá. Num mundo de chão redondo e que gira, o único referencial é o teto.
Eu sou um barco à deriva que já não procura, na espera de ser encontrado. Vivo do tempo ermo num anseio suspenso e eterno. Lamento de vez um tanto pra noutro resignar. Sorrio pra um acalanto de um barco perdido, sem dono nem mar. E me despeço sem rodeios daquele encontro mais sórdido que o anterior e mais sólido que o próximo. Numa ordem decrescente de importância. É nesse infinito que flutuo. Mas não sou só. Aquele borbulhar intermitente das ondas é minha companhia. Carrego um tesouro tão grande que, às vezes, duvido que o carrego em mim. E, enquanto carrego, construo um trajeto inédito num mapa ancestral. Em segredo confesso que uso as estrelas para me guiar, pela falsa certeza de que é este o motivo porque estão lá. Num mundo de chão redondo e que gira, o único referencial é o teto.
trecho de 'O Barco'
COPYRIGHT texto Renata Gabriel
foto em copyleft na web
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