pelo todo inabalável

não mais cantarei a dor dos desamados
nem chorarei a prece dos infelizes
não importunarei o diabo
nem os anjos nas marquises.
ao perturbar a ordem
ou desacatar a lei
sigo caminho
no trilho invertido
desse coração em brasa.
irei sozinho
ainda perdido
às cegas
em santa explosão.
sem culpa
pecado
prece
ou perdão
cantarei as cantigas de roda, as cirandas, a bossa, o samba, o baião.
cantarei ao pé do ouvido partido daquele olhar sentido num longínquo escalão.
cantarei para os que desejam viver, para os que almejam vencer, para os desavisados.
cantarei até que rouca minha voz chegue ao profundo das almas
[das perdidas e das reencontradas]
arrastado pela inabalável certeza
firmemente determinada
diante da lei que me rege:
parte de ti sou eu, parte de mim é tua
e ninguém dentre os mundos poderá levar-nos deste milagre.
COPYRIGHT texto Renata Gabriel

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