Fui aluna da Academia – Colégio Cristo Redentor – em Juiz de Fora, Minas Gerais. Até agora, tinha muito orgulho disso. Da sexta série ao terceiro científico, e ainda durante o cursinho, e por muitos anos mais, até o final da primeira faculdade, participei de um grupo de teatro maravilhoso que lá existiu por trinta anos. Nele, construí minha história. Mais de trinta espetáculos teatrais e apresentações didáticas de nível profissional, que pudemos levar ao público, principalmente jovem, daquela região. Diversão, entretenimento, alegria, questionamentos e informações. Hoje fiquei muito triste e, então, resolvi expressar aqui minha indignação. Ao revisitar o site oficial daquela escola, não encontrei sequer uma linha da história incrível que foi construída lá dentro, e fiquei impressionantemente chocada. É uma indelicadeza com as pessoas que ali depositaram seu sangue por amor, para levar o nome daquele colégio aos mais diversos cantos do país. Sinto a falta de respeito com essa história, que, ao que parece, se apagou. Logo uma instituição que deveria prezar pelo conhecimento e perpetuação de sua história. Onde está aquela ‘Academia’ de mais de cem anos de tradição? Hoje, sou uma artista de verdade. Profissional. Vivo do meu trabalho como cineasta no Rio de Janeiro e tenho imenso orgulho do meu currículo que inclui trabalhos com profissionais de altíssimo gabarito. Um caminho percorrido que começou lá. Tenho muitos amigos que participaram daquele grupo. A maioria partiu noutros rumos profissionais, mas vários deles são hoje artistas reconhecidos no mercado, graças ao seu aprendizado no GTA - Grupo de Teatro da Academia, dirigido por vinte anos por Guy Schmidt, um artista, um guerreiro. Alguns daqueles amigos já morreram.
E me pergunto: onde guardam sua história? Foi escrita na areia? Uma onda a levou... Eu gostaria muito que meus amigos, desde os mais simples até os artistas de renome, dos quais muitos famosos, outros bastante poderosos, todos, pudessem conhecer o trabalho fascinante que existiu naquele lugar, onde comecei minha carreira. Não só eles, mas também meu irmão de dezesseis anos que, inclusive, estuda naquela escola, sua namorada, seus amigos e todos os jovens que ali assinam sua história, meus filhos, meus netos quiçá. Gostaria que eles soubessem e acreditassem que sua história também ficará guardada para sempre, e que terá valido a pena. Mas eles não poderão saber, não poderão acreditar. Foi lá que aprendi a ter fé, esperança e humildade - três mandamentos que moldaram meu caráter e me ajudaram a seguir em frente ante às dificuldades. Ali aprendi a arte de rir e de fazer rir, e também de fazer chorar sem chorar. Hoje construo imagens em movimento que são assistidas por centenas de pessoas, escrevo histórias que são lidas por mais outras centenas, e essas histórias nasceram ali. E, numa reformulação administrativa da empresa, uma instituição dita religiosa e educacional, permitiu-se apagar essa história, que é minha e de tantos outros, de uma cidade inteira.

Nenhum comentário:
Postar um comentário