Ninguém quer saber da poesia. Não a compreendem. Não a necessitam. Não a valorizam. Ninguém quer saber do poeta. Não o compreendem. Não o necessitam. Não o valorizam. Não querem saber das rimas, das trovas, dos versos. Não querem saber do perfume das rosas, da dor, da fé, do amor, dos anjos caídos das estantes de espuma e mel. Não compreendem as palavras tortas, as metáforas, as hemácias, as entrelinhas. Não necessitam das vírgulas mortas, das frases ilógicas, das quinas recônditas de cada estrofe. Não valorizam o vão da pausa, o chão da várzea, o quão de náusea encerra cada página. Não querem saber dos mistérios, dos encontros, dos anônimos. Não importam as dores, as cores, os amores e as vãs. O poeta não importa. Não importam as lágrimas, as fábricas, as mágicas que o poeta emprega em todo amanhecer. Não importa o entardecer frágil, trágico, fálico, melancólico.Não importa nada.
Não importa o importuno infortúnio incalculável do poeta surdo, fraco, indelével.
Sabe-se lá do que é feito o poema.
Sangue, pó e tristeza.
Não interessa.
Ninguém quer saber de poesia.
E o poeta, a que se presta?
COPYRIGHT texto Renata Gabriel
foto em copyleft na web
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