Retrato

O que é o passado piscando o presente como um retrato tirado ao repente guardado num livro eternamente? Linhas entrecortadas em janelas entreabertas. Por onde andará a poesia? Que grito mudo salta garganta adentro que não deflora nem deflagra a morte súbita? Por onde andará a morte? A essa sombra abandonada, a redundância metafórica. Menina comportada de rabo preso ao vento sem lampejos. Menina doce estrategista melindrosa mentirosa traiçoeira. Onde esconde os segredos do teu baixo ventre? Donde surge essa coragem que enfrenta o medo? Vamos, palpita em teu favor! Nem sei se estás onde não estou. Procura teu leito partido num pranto perdido dum canto qualquer. Como qualquer canto fosse o mesmo na solidão tortuosa do labirinto. A passagem se estreita ao passar o caminhante. Vegetação rasteira vertigens voraz vitrais versos anais. Vaporização.
Velocidade.
Ventania.
Vicissitude.
Já não se sabe a respeito se respeita o sabido. A respeito disto.
Inclusive a probabilidade da eventualidade do eventual eventualmente enventuar!
Pobre do que não entende...
A palavra é o que foi sendo sempre o que será. E não admito reformulações. Retruque o retrucador e ouvirá o retrucar das chuvas cheias enchentes chegando. Como seu eu fosse o deus.
Se ainda não sei o que é o amor não tenho exatamente culpa. Será que podes me explicar?
Dá-se um jeito se o saber é curto e a ousadia é tanta.
Mas é uma questão de princípio.
No princípio tudo era nada e o que poderia ser não era.
Portanto, o que seria?
Só é fim o saber se finito for o querer.
Meias verdades são tantas que são pares.
E são párias.
Ímpares são as verdades inteiras.
“Sem caridade não há salvação.”
O amor suplanta o próprio amor. E disso não se pode falar.
Num retrato insano sob a pele tirar a fantasia e cantar.
Ousarias então mesmo ao pulsar? Ousarias?

COPYRIGHT texto Renata Gabriel
foto em copyleft na web

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