O que pode ser a vida senão uma breve viagem de montanha-russa guiada por uma inexplicável fonte motora. Um absoluto inimaginável.
Qual o que!
Vida...
Que solidão é esta que me habita?
Onde estarão as grades deste vasto?
Quem sentenciaria ordens neste vício?
Suplício...
O que pode ser a dor senão um caminho único para o inimaginável.
Pessoas têm que ser indecifráveis. São quando me são interessantes. O encantamento cessa quando as decifro. Então, as descarto. Cruel amor o que mata para não ferir.
Eu não me reconheço aqui, onde estou. Porque não estou simplesmente. Dizer simplesmente é desdizer o simples.
Não estou. Com o que você se compromete na vida? Eu me comprometo em não estar. Porque, na verdade, não se é, mas se está. E eu não estou.
Onde estarão as margens deste verso?
Por onde me escapa o pensar?
De onde me atrai o olhar?
Donde sufoca o sentir dum trair inverso?
Quisera tantos quereres pudessem querer meu bem querer. Quisera eu poder partir. Quisera eu versar em trova. Unir em prova a meu testemunho, tal como rascunho de sangue na cova. Quisera eu não poder partir.
Quem alimenta o covil transverso?
Qual floril diverso me consome?
Quem digere em si reverso,
Sem medo de matar a fome?
Medo de perder a fome e me perder sem medo de matar meu medo e minha fome.
Dorme, dorme.
Deixa cair o tempo sobre a luz da lua. Deixa a lua dormir. Conte seus carneiros débeis para entrar no hall do paraíso. Conte, conte, conte, conte, cante, dance, chore. Deixa a lua sorrir e dorme.
COPYRIGHT texto Renata Gabriel
foto em copyleft na web
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