despedida

não
não posso mais poemar-me em ti
se a pele rugosa sob a qual agora te apresentas
aparenta a face de um réptil pronto em bote

não
não posso mais enamorar-me de ti
se a vasta cabeleira enluarada que cobria-te a tez
fez-me prisioneira de tua vaidade em vergalhada 

jamais poderei debruçar-me sobre ti
se teu olhar antes translúcido mancha-se sob as turvas da mentira
a vazar meu gozo por entre milhas de girassóis em pântano

ainda assim
poderei amar-te
mergulhada na cegueira bélica do salto abismal
donde vive o amor
a reciprocidade
e a lembrança de que nada será novamente.










COPYRIGHT texto e foto Renata Gabriel

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