Quem nunca chorou por amor, não amou. Todas as lágrimas secarão ao esvair o peito amargo. Uma gota de um orvalho qualquer amanhecerá intacto ao matar uma folha inocente. Serão inocentes as folhas?
Cada volta desse caracol entorpece o ar que respiro. Sufocada, esforço-me para respirar. A voz se revela muda e o tempo escorre nela. Não há encontro com o acaso que transcenda o destino. O fim de todas as coisas.
Um novo ciclo. Um começo.
Inanição.
Encontro na esquina do nada a complexidade do agora e lanço-me inadvertidamente ao amanhã inexistente.
Incongruências.
Substâncias mortas, mórbidas, desestabelecidas.
Há um tão de secreto e cálido que verte pálido e jaz enfim.
Amarro-me em luto.
Se fosse possível aos poetas descrever a dor, ainda não estariam tentando. Cabe aos loucos rirem dela.
A cegueira da ignorância é véu balsâmico sobre as cabeças sussurrantes.
O amor é um cada dia menos.
É mera projeção da loucura.
Insana delícia venenosa.
É desejo do sublime profanando a verdade.
Pérola, bétula, libélula, póstero, bélico, mórfico, instável, fugaz.
Além desses malditos anseios desconjuntados.
Uma forma preciosa de morrer. Desintegrando-se.
Há um profundo cansaço, extinto ao regaço, digno de leito necro.
Inconfundível destreza ao acertar o alvo. Insolúvel beleza ao maturar o berço. Incansável tristeza ao socorrer o morto.
Salvação.
Ao secar o poço infinito extinguirá o martírio desse amor maldito.
E assim a esperança renasce.
COPYRIGHT texto Renata Gabriel
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