MOCINHO E BANDIDO

Vivemos mesmo numa guerra, nesta cidade do absurdo, sem mocinhos e bandidos em papéis mal definidos, invertidos.

Eu queria que o mundo parasse no tempo
Naquele tempo do cruzar d’olhar
Em câmera lenta
Daquele ser na janela do meu carro
Impedindo-me de fechar a janela e dando-me ordens
- Pega todo o dinheiro da carteira e passa!
A gente está deixando te ter medo de tanto medo que já tem
A gente tem medo quando a coisa não acontece, e então se precavê, fica neurótico, amedrontado.
Mas quando acontece, vira herói, foge, se indigna, enfrenta.
Que loucos somos nós!
Porque não se faz nada, ninguém
de direito ou de fato
faz alguma coisa real para combater esse milésimo de segundo de um olhar entre dois amedrontados
o mocinho e o bandido
ou o inverso
e vice-versa.
Se o tempo parado ali
Pudesse dizer o indizível
Ele diria o segundo de vida ou morte
Que ali pairava
Ameaçando-nos ambos
De nós mesmos.


COPYRIGHT texto Renata Gabriel

fotos em copyleft na web

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